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sexta-feira, 13 de maio de 2011

memorabilis das expressões faciais


Eram cinco mulheres, agora são seis. Explico, como eu também estou locado e plasmado nessa sala, criei uma entidade, à imagem e semelhantes das divas, que pode sintetiza-las. Inspirei-me nos sies elementos existentes no campo real e no irreal - fogo, terra, agua, ar, TPM e maluquice. Deponho que as minhas expressões viraram finas linhas.

3 comentários:

  1. Eram cinco mulheres, agora são seis. Explico, como eu também estou locado e plasmado nessa sala, criei uma entidade, à imagem e semelhantes das divas, que pode sintetiza-las. Inspirei-me nos sies elementos existentes no campo real e no irreal - fogo, terra, agua, ar, TPM e maluquice. Deponho que as minhas expressões viraram finas linhas.

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  2. Frugais seres da floresta de asfalto e concreto, ide e azeitais com brumas, cheiros e carícias por onde passais. Acalmais e brandais os convolutos e os ectópicos !!!

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  3. Os Pobres na Estação Rodoviária - Lêdo Ivo
    Os pobres viajam, Na estação rodoviária
    eles alteiam os pescoços como gansos para olhar
    os letreiros dos ônibus. E seus olhares
    são de quem teme perder alguma coisa:
    a mala que guarda um rádio de pilha e um casaco

    que tem a cor do frio num dia sem sonhos,
    o sanduíche de mortadela no fundo da sacola,
    e o sol de subúrbio e poeira além dos viadutos.
    Entre o rumor dos alto-falantes e o arquejo dos ônibus
    eles temem perder a própria viagem
    escondida no névoa dos horários.
    Os que dormitam nos bancos acordam assustados,
    embora os pesadelos sejam um privilégio
    dos que abastecem os ouvidos e o tédio dos psicanalistas
    em consultórios assépticos como o algodão que
    tapa o nariz dos mortos.
    Nas filas os pobres assumem um ar grave
    que une temor, impaciência e submissão.
    Como os pobres são grotescos! E como os seus odores
    nos incomodam mesmo à distância!
    E não têm a noção das conveniências, não sabem
    portar-se em público.
    O dedo sujo de nicotina esfrega o olho irritado
    que do sonho reteve apenas a remela.
    Do seio caído e túrgido um filete de leite
    escorre para a pequena boca habituada ao choro.
    Na plataforma eles vão o vêm, saltam e seguram
    malas e embrulhos,
    fazem perguntas descabidos nos guichês, sussurram
    palavras misteriosas
    e contemplam os capas das revistas com o ar espantado
    de quem não sabe o caminho do salão da vida.
    Por que esse ir e vir? E essas roupas espalhafatosas,
    esses amarelos de azeite de dendê que doem
    na vista delicada
    do viajante obrigado a suportar tantos cheiros incômodos,
    e esses vermelhos contundentes de feira e mafuá?
    Os pobres não sabem viajar nem sabem vestir-se.
    Tampouco sabem morar: não têm noção do conforto
    embora alguns deles possuam até televisão.
    Na verdade os pobres não sabem nem morrer.
    (Têm quase sempre uma morte feia e deselegante.)
    E em qualquer lugar do mundo eles incomodam,
    viajantes importunos que ocupam os nossos
    lugares mesmo quando estamos sentados e eles viajam de pé.



    Poeta, romancista e ensaísta, Lêdo Ivo nasceu em Maceió, Alagoas, em 1924.Pertence à Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito por unanimidade, e é Comendador da ordem do Rio Branco e oficial da ordem do Mérito Militar. Leia mais sobre Lêdo Ivo.

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